Cappelli é descartado e Grass vira prioridade no Planalto de Lula

Nos bastidores do poder, raramente os cortes são anunciados; eles acontecem no silêncio. E é exatamente nesse silêncio que Ricardo Cappelli parece ter sido deixado. O ex-interventor do DF, que já ocupou um papel central na engrenagem do governo, hoje se vê praticamente isolado, enquanto o presidente Lula desloca sua atenção para outro nome: Leandro Grass.

A movimentação não é explícita, mas é evidente. Cada gesto no Planalto indica que Cappelli perdeu espaço e que Lula já busca outro perfil para preencher o vácuo político que se abriu na ABDI, após uma série de questionamentos e investigações que colocaram a agência sob holofotes indesejados. A imagem de gestor técnico e disciplinado que Cappelli tentava preservar já não resiste ao desgaste acumulado.

Enquanto isso, Grass, mesmo sem unanimidade dentro do PT e fora dele, avança de forma discreta, quase silenciosa, mas firme. O presidente não aposta em ruído — aposta em quem lhe oferece previsibilidade. E, neste momento, Cappelli não oferece nenhuma.

A crise na ABDI marcada por dúvidas sobre diárias, deslocamentos e possíveis usos políticos se transformou numa sombra incômoda que Lula não parece disposto a carregar. Não há declarações públicas de defesa, não há discurso de proteção institucional, não há gesto de solidariedade. Há apenas o mesmo silêncio que precede mudanças profundas no xadrez político.

Flávio Dino, que um dia foi referência e escudo para Cappelli, agora concentra suas forças no STF. Não há qualquer sinal de que moverá um dedo para resgatar a imagem desgastada do ex-auxiliar. Em Brasília, alianças se dissolvem na mesma velocidade em que são formadas.

Grass, por outro lado, tem o que Lula mais valoriza no atual momento: baixa exposição, disciplina e utilidade. Mesmo com histórico de derrotas eleitorais e uma trajetória cheia de nuances, o presidente enxerga nele um operador que não gera mais problemas do que soluções.

O fato é que a distância entre Lula e Cappelli ficou pública. E, no jogo político, quando o chefe já não menciona, já não elogia e já não estende a mão, o recado está dado. Não é preciso demissão formal para que alguém esteja fora do projeto.

Cappelli pode ainda tentar manter a pose de influência, mas o Planalto já mudou de foco. E, para quem acompanha os sinais e não as palavras — está claro: o ciclo dele no núcleo do governo praticamente se encerrou.

A política não exclui com barulho; exclui com ausência. E, desta vez, o silêncio de Lula diz tudo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas

Mecânica Marquinhos
Villa Florença
Clínica de motorista Avante
Fagner Empreendimentos
Vive La Fete Festas

Minas Gerais

Dicas da semana

Linhas de ônibus na sua cidade

Associação Brasileira de Portais de Notícias