quinta-feira, novembro 21

Não suponha, pergunte

Recebendo um abraço (Foto: Erika Giraud/Unsplash)

Quantas vezes ações não programadas ou decisões tomadas no calor das emoções causam conflitos e danos irreparáveis nos relacionamentos pessoais e até mesmo na área espiritual? Conversas às escondidas, sussurros nas sombras e atitudes suspeitas de pessoas maquiavélicas podem nos causar desconfiança. Esse sentimento é como pitadas de um tempero mal selecionado que lançamos em uma refeição, tornando-a indigesta. Acontece assim com alguns relacionamentos que perduram por muito tempo no nosso círculo de amizades, inclusive nos corredores das “cantinas da fé”. Entretanto, ficar fazendo suposições sobre as ações dos outros em relação a nós mesmos pode causar um grande dano, como uma má “digestão” nos relacionamentos interpessoais.

Há uma história bíblica no capítulo 22 de Josué, especificamente do versículo 10 ao 34, que narra um conflito entre as tribos israelitas. Nessa história, se não fosse por uma conversa, uma guerra tinha acontecido. Após uma notícia sobre um altar construído pelas tribos de Rúben, de Gade e pela meia tribo de Manassés, levantaram-se algumas especulações que logo se transformaram em uma ameaça de guerra. Por causa de um amontoado de pedras que se destacou por sua grandeza, a desconfiança surgiu e gerou, automaticamente, suposições negativas entre os irmãos tribais. As acusações orbitavam no universo das conjecturas religiosas, da insubordinação e do desvio doutrinário da fé judaica recém-estabelecida na Terra da Promessa.

O altar havia sido construído para ser um monumento (memorial) e não para fins religiosos (sacrifícios pagãos). No entanto, os filhos de Israel supuseram que seria um altar religioso levantado em rebelião contra Deus. Assim, agiram sem medir consequências, lançando freneticamente as flâmulas flamejantes das suposições, acusando seus irmãos de idolatria, abandono do Tabernáculo e rebelião contra o Altíssimo, comparando-os a Balaque, Balaão e Acã. A defesa só foi ouvida depois de muitas conjecturas, suposições e acusações proferidas pelos filhos de Israel contra a tríade tribal construtora do suposto altar.

Tal construção tinha um caráter pedagógico, resultado da boa intenção daquelas tribos em ensinar às suas proles sobre os feitos de Deus. Eles próprio afirmaram que o altar não seria usado para holocausto, nem para sacrifício, mas serviria de testemunho entre eles e as gerações futuras, para que assim fizessem entusiasmados e inspirados o serviço divino.

O fato é que, vez ou outra, somos traídos por nossas suposições e lançamos golpes acusatórios em pessoas que nem sequer queriam nos atingir. O contrário também acontece, quando somos injustiçados por alguém que se sentiu atingido e que, talvez involuntariamente e sem segundas intenções, jogou sobre nós uma enxurrada de acusações, fazendo naufragar nossa inocente consciência em decorrência de alguma atitude ou palavra mal interpretada.

Todavia, o mal entendido narrado no episódio bíblico só foi sanado, assim como uma guerra iminente envolvendo toda a irmandade israelita só foi cancelada, porque alguns dos filhos de Israel enviaram Finéias, filho do sacerdote Eleazar, e uma delegação constituída de dez príncipes, um de cada casa paterna, para que interrogassem as três tribos responsáveis pela construção. Isso era o que estabelecia a Lei (Dt 13.12-18). Primeiramente, era preciso inquirir e investigar com diligência para só depois executar o juízo divino, e não se basear apenas em ESPECULAÇÕES e SUPOSIÇÕES para declarar uma guerra entre a irmandade.

Em nosso cenário social (trabalho, escola, igreja, família etc.), o que ocorre de mais comum entre os conflitos relacionais é exatamente a falta de diligência da nossa parte. Quando ocorre conflitos relacionais entre pessoas próximas, naturalmente, acionamos o gatilho das SUPOSIÇÕES, ESPECULAÇÕES e DESCONFIANÇA, principalmente quando vemos tais pessoas conversando em particular com outras. Atiramos aleatoriamente palavras ofensivas e olhares de reprovação, causando um efeito colateral ainda maior, mas, em muitas dessas ocasiões, tais pessoas nem sequer estão falando a nosso respeito.

O que se pode aprender com essa belíssima história é que, em vez de supor, nós – cristãos, líderes eclesiásticos, membros da comunidade cristã -, que temos bom senso, devemos perguntar, dialogar, ter uma conversa franca com aqueles com quem tivemos certo conflito. Se o conflito ainda estiver acontecendo e, de algum modo, causando desgastes relacionais, analisemos as reais intenções por trás das ações. Em resumo, devemos pôr tudo em “pratos limpos”, assim evitaremos contaminações digestivas em nossas refeições sociais com acusação, desprezo, exclusão e especulação infundada antes de conhecer toda a real história.

A CAUTELA, o EQUILÍBRIO e a OBEDIÊNCIA à Bíblia foram atitudes SACERDOTAIS que EVITARAM uma GUERRA!

Por isso, antes de supor, pergunte!

gospel prime

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