Novos usos para o Setor Comercial Sul (SCS), área central de Brasília, foram discutidos hoje (13) em audiência pública realizada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. A iniciativa do debate partiu do deputado Chico Vigilante (PT), que defende a revitalização da região por meio da incorporação de novas atividades. “Temos que trazer de volta a verdadeira vocação do Setor Comercial Sul, o local onde pulsa a Brasília real”, afirmou.
A debandada de empresas, a falta de dinamismo econômico e a situação dos sem-teto no SCS foram apontadas como algumas das causas do abandono da região. “Hoje parece que o SCS é apenas um lugar de moradores de rua ou um local onde se realizam festas. Me preocupa muito que o SCS seja apenas um lugar de festa de fim de semana. Nada contra as festas, mas queremos outras atividades duradouras com empregos permanentes para o SCS”, defendeu Chico Vigilante. A mudança nas dinâmicas sociais durante a pandemia também afetaram o SCS. “Houve uma grande mudança nas empresas para o trabalho virtual, o que gerou uma queda na circulação de pessoas por ali”, disse Lucas Lima Ribeiro, da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Para a presidente da Prefeitura Comunitária do Setor Comercial Sul, Lígia Batista Meireles, a solução para a região pode se inspirar em outras experiências bem sucedidas. “Nossas discussões sobre o futuro do SCS estão pautadas no que foi feito no Pólo Digital de Recife, que recuperou uma área degradada e gerou muitos empregos e faturamentos”, observou. Lígia explicou que o SCS apresenta grandes vantagens para abrigar empresas de tecnologia. “A infraestrutura está pronta, com rede elétrica no subsolo, bom sistema de mobilidade e praças públicas. Queremos ter a oportunidade de construir um plano para devolver a função econômica ao SCS”, resumiu.
A possibilidade de se abrigar instituições de ensino superior no SCS também foi levantada durante a audiência. “O SCS tem vocação não só para a tecnologia, mas também para a pesquisa. Há vários prédios prontos com salas disponíveis. O estudante pode chegar de metrô ou de ônibus com facilidade”, afirmou Ovídio Maia, da Federação do Comércio do DF (Fecomércio-DF).
Ao final da audiência pública, que contou com a participação de empresários, urbanistas e representantes do governo, Chico Vigilante propôs a formação de um grupo de trabalho composto pelo governo e representantes da sociedade civil para a elaboração de um projeto de lei complementar que permita o exercício de novas atividades no SCS.
“Não podemos esperar pela aprovação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), pois demoraria muito e o SCS precisa de uma solução urgente”, disse. Segundo o parlamentar, a ideia é que o grupo de trabalho envie o projeto para votação na Câmara Legislativa ainda no primeiro semestre.
A sugestão, porém, ainda precisa ser ratificada pelo governo. “Eu pessoalmente estou de acordo, mas preciso consultar as autoridades superiores para nos comprometemos”, disse Valmir Lemos, secretário executivo da Secretaria de Cidades do DF. Chico Vigilante garantiu que serão enviados ofícios para os órgãos competentes para concretizar a proposta.
Eder Wen – Agência CLDF