Moraes diz que Bolsonaro tentou chantagear a Justiça ao ligar fim das tarifas à anistia

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Ministro do STF também proibiu Bolsonaro de sair de casa à noite, falou com autoridades estrangeiras e disse que ele confessou tentativa de extorsão ao ligar fim das tarifas dos EUA à própria anistia

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa entre 19h e 6h e nos fins de semana, além da proibição de manter contato com autoridades estrangeiras ou frequentar embaixadas.

A decisão ocorreu após Moraes afirmar que Bolsonaro confessou, em declarações públicas, uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira. Segundo o ministro, o ex-presidente condicionou o fim das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos à sua anistia, o que configura tentativa de obstrução da Justiça e atentado à soberania nacional.

Em 9 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, alegando que Bolsonaro era vítima de uma “caça às bruxas”. Nos dias seguintes, Bolsonaro passou a sugerir que a retirada das tarifas estaria ligada à aprovação de sua anistia. Em 17 de julho, declarou: “Vamos supor que Trump queira anistia. É muito, se ele pedir isso aí?”.

Na decisão, Moraes afirmou que a conduta de Bolsonaro foi “grave e despudorada”, ressaltando que o ex-presidente “confessou sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira”.

Além disso, Moraes apontou que Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, atuam para pressionar o STF e desestabilizar a economia. Em maio, Jair Bolsonaro enviou R$ 2 milhões ao filho por PIX, fato citado como indício de alinhamento entre ambos.

Durante buscas autorizadas na residência de Bolsonaro, a Polícia Federal apreendeu uma cópia da petição inicial de uma ação judicial nos EUA, movida pela plataforma Rumble, em parceria com o grupo de mídia de Donald Trump, contra o ministro Moraes. A ação acusa o magistrado de censura e tenta impedir que suas decisões tenham efeito em território norte-americano.

Após ser obrigado a usar a tornozeleira, Bolsonaro negou qualquer plano de deixar o país ou se refugiar em embaixadas. “Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”, afirmou, chamando a investigação de “suprema humilhação” e de caráter político.

Fonte: Imparcial Política

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