
O discurso da representatividade ficou mais uma vez no papel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia prometido indicar uma mulher para o Supremo Tribunal Federal (STF), mas, ao que tudo indica, recuou. Os nomes com mais força para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso são novamente masculinos: Jorge Messias, advogado-geral da União; Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado; e Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Enquanto isso, mulheres altamente qualificadas e com trajetórias exemplares expressam frustração e indignação com a decisão. Entre elas, Vera Lúcia Santana, ministra substituta do TSE; Daniela Teixeira, ministra do STJ; Edilene Lobo, primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no TSE; Mônica de Melo, defensora pública e vice-presidente da Associação das Mulheres de Carreira Jurídica; e Lívia Sant’Anna Vaz, professora e promotora do MP-BA.
“Nunca é o momento, nunca é a hora”, desabafou Mônica de Melo ao portal UOL, criticando a velha política de bastidores que privilegia aliados e apadrinhados. “Para nós, a régua está sempre mais acima. É uma confraria.”
A presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Sílvia Souza, também lamentou a ausência feminina na lista presidencial: “Entristece e constrange o presidente Lula não cogitar o nome de uma mulher. Era o momento e a hora oportuna.”
Nas redes, a insatisfação cresceu. Um abaixo-assinado com mais de 60 mil assinaturas cobra de Lula o cumprimento da promessa feita ainda em campanha: dar espaço às mulheres e à diversidade no Judiciário.
Mas, mais uma vez, o discurso progressista do governo petista sucumbe à prática da velha política. Quando o assunto é poder, as mulheres seguem à margem, enquanto os homens continuam ocupando o centro da mesa — com o aval de quem dizia representar “todas as vozes”.
Com informações da redação do Site e Uol notícias


















