
Brasília amanheceu nesta quarta-feira (15/10) com uma cena que mistura alívio, revolta e vergonha: Francisco Mairlon Barros Aguiar, condenado pelo famoso “Crime da 113 Sul”, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda após 15 anos de prisão injusta.
O caso, que chocou o país em 2009, envolveu o triplo assassinato do casal José e Maria Villela e da funcionária Francisca Nascimento Silva, dentro de um apartamento de luxo na Asa Sul. À época, a brutalidade do crime ganhou as manchetes de todo o Brasil — e com ela, veio a pressa em encontrar culpados.
Francisco foi apontado pelos dois executores confessos, preso e condenado a 47 anos de prisão.
Mas, anos depois, um dos autores voltou atrás e confessou que havia mentido. Mesmo assim, a Justiça demorou 15 longos anos para reparar o erro.
“É o dia mais feliz da minha vida. Agradeço aos ministros que repararam o erro. Era pra ter sido antes, mas demorou 15 anos pra minha verdade aparecer”, disse Francisco, emocionado, ao deixar o presídio.
A decisão de anular o processo partiu da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após um recurso apresentado pela ONG The Innocence Project Brasil, que atua em casos de condenações injustas.
Enquanto Francisco reencontra a liberdade, o país é obrigado a encarar uma pergunta dura e incômoda:
Quantos outros inocentes ainda estão atrás das grades, pagando por crimes que nunca cometeram?
Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que milhares de pessoas cumprem pena sem provas sólidas, condenadas com base em erros de investigação, depoimentos falsos e julgamentos apressados. A pressa em “dar uma resposta à sociedade” tem destruído vidas e manchado a credibilidade do sistema judicial.
O “Crime da 113 Sul”, um dos mais famosos da capital, agora carrega outro símbolo: o de uma Justiça que falha, demora e destrói.
Francisco Mairlon perdeu 15 anos da vida, longe da família, dos sonhos e da liberdade — enquanto o verdadeiro culpado continuava solto.
Quantos Franciscos mais ainda existirão nas celas do Brasil, esperando que alguém olhe para seus processos com humanidade e coragem?


















