
A quarta-feira (15/10) marcou o início de uma nova e turbulenta fase para os Correios, uma das empresas públicas mais tradicionais do país. A direção da estatal anunciou um pacote de reestruturação que inclui um Plano de Demissões Voluntárias (PDV) e a busca por um empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia da União.
O objetivo declarado é “recuperar o equilíbrio fiscal da empresa”, segundo o novo presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon. Mas a medida já repercute com força no meio político e sindical, levantando questionamentos sobre o futuro da estatal e o impacto social das demissões.
Demissões em massa e reestruturação
A primeira etapa do plano prevê demissões em áreas consideradas ociosas, com base em um mapeamento que deve ser concluído nos próximos dias. O PDV será direcionado a servidores que desejem aderir voluntariamente, mas a previsão é de uma redução expressiva no quadro funcional — o que acende o alerta sobre possíveis atrasos e precarização dos serviços postais, principalmente em regiões mais afastadas.
Além das demissões, a gestão aposta na diversificação de receitas, renegociação de contratos com fornecedores e no reforço de parcerias para “modernizar e tornar a empresa mais competitiva”.
Empréstimo bilionário divide opiniões
O ponto mais polêmico do anúncio é o empréstimo de R$ 20 bilhões, que será viabilizado com garantia da União. De acordo com Rondon, a operação ainda está em fase de negociação e promete ter “custo menor” para os cofres públicos.
Entretanto, a oposição ao governo federal reagiu com veemência. O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco, classificou o movimento como um “ato de irresponsabilidade fiscal”, alegando que o empréstimo vai na contramão da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e pode gerar um novo rombo nas contas públicas.
“É inaceitável que uma empresa com dificuldades de gestão tente se reerguer com dinheiro público, sem transparência e sem planejamento claro”, criticou Zucco.
Incertezas à frente
Enquanto o governo tenta vender a proposta como uma solução para “salvar os Correios da falência”, o clima entre os funcionários é de apreensão. Entidades sindicais prometem pressionar contra as demissões e cobrar transparência na execução do plano.
A falta de prazos definidos para a implementação das medidas e a ausência de um cronograma detalhado aumentam o clima de desconfiança em torno do pacote.
O que se desenha, segundo especialistas, é um cenário de ajuste drástico que pode redefinir o papel dos Correios no país — e reacender o debate sobre a privatização da estatal.


















