sexta-feira, dezembro 27

Casal de missionários americanos e diretor haitiano são morto por gangues no Haiti; corpos podem ter sido queimados

Missionários americanos Davy e Natalie Lloyd (Foto: Facebook/Ben Baker)
Missionários americanos Davy e Natalie Lloyd (Foto: Facebook/Ben Baker)

Um jovem casal missionário e um diretor haitiano associado a um grupo com sede em Oklahoma, Missions in Haiti, foram mortos por gangues no Haiti, na noite de quinta-feira (23). Davy Lloyd, 23 anos, e Natalie Lloyd, 21, dos Estados Unidos, e o diretor haitiano Jude Montis, de 45 anos, trabalhavam no campo missionário em tempo integral, empenhados em organizar educação e serviços religiosos para crianças.

Segundo a TV KOAM News, a notícia da tragédia foi dada pelo pai de Natalie, o deputado americano Ben Baker. Em postagem no Facebook, ele informou que o casal foi atacado por gangues.

“Meu coração está partido em mil pedaços. Nunca senti este tipo de dor”, declarou Ben. E continuou: “A maioria de vocês sabe que minha filha Natalie Lloyd e o meu genro Davy são missionários a tempo integral no Haiti. Eles foram atacados por gangues esta noite e ambos foram mortos. Eles foram para o Céu juntos”.

O deputado pediu orações enquanto a família dos missionários enfrentam o luto. “Por favor, orem pela minha família, precisamos desesperadamente de força. Não tenho mais palavras por enquanto”, concluiu ele.

Corpos queimados

Um vídeo analisado pelo The Wall Street Journal mostra três vítimas esparramadas no chão, sendo que dois dos corpos parecem ter sido incendiados.

O casal, que se mudou para o Haiti logo após seu casamento em junho de 2022, trabalhou com a Missions in Haiti, um grupo fundado pelos pais de Davy Lloyd em 2000. O orfanato da missão está localizado em Lizon, ao norte de Porto Príncipe, uma área assolada por gangues violentas.

David Lloyd, pai de Davy, disse à CNN que estava ao telefone com seu filho durante o ataque. Ele contou como Davy foi arrastado para a casa, amarrado e saqueado pela gangue, enquanto as crianças estavam no recinto no momento. A ligação terminou quando mais homens armados chegaram, levando a uma reação violenta depois que um dos membros recém-chegados da gangue foi baleado.

“Foi basicamente nossa última chamada”, disse David Lloyd, lembrando como os três se barricaram em uma casa que acabou sendo invadida pela gangue. “A gangue atirou naquele lugar até conseguir arrombar a porta e atirar neles, além de atear fogo em Davy e Jude.”

O HERO, um serviço de atendimento de emergência local, confirmou à CNN que o corpo de Davy Lloyd foi encontrado queimado no local.

De acordo com a Missions in Haiti, o casal foi atacado por três caminhões carregados de homens armados. O incidente se transformou em uma cena caótica quando Davy Lloyd foi amarrado e espancado por membros da gangue que roubaram caminhões e outros pertences da missão. Posteriormente, outro grupo armado chegou, levando a um tiroteio no qual os Lloyds e os Montis foram mortos.

O grupo missionário enfrentou inúmeros desafios, inclusive o sequestro de Davy Lloyd e seus irmãos em 2005, do qual foram resgatados após 21 horas, disse o pai de Lloyd.

A polícia haitiana, em colaboração com a polícia internacional, está investigando os assassinatos.

A Casa Branca expressou suas condolências às famílias em uma declaração à CNN e reconheceu a urgência de enviar a força policial internacional aprovada pelas Nações Unidas para reforçar a Polícia Nacional do Haiti.

O governador do Missouri, Mike Parson, também lamentou a perda, chamando-a de “notícia absolutamente desoladora”.

Franklin Graham, filho do lendário evangelista Billy Graham e diretor da Associação Evangelística Billy Graham e da organização humanitária evangélica Samaritan’s Purse, pediu a seus seguidores que orassem pelo casal e sua família.

“Como pai, não consigo imaginar a dor que essa família está sentindo neste momento”, escreveu Graham no Facebook na sexta-feira. “Ore para que Deus os conforte e fortaleça nos dias difíceis que estão por vir. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. (Salmo 46:1)”

Kay Warren, que co-fundou a Igreja Saddleback na Califórnia com seu marido, Rick, disse que os Lloyds serviram como “mãos e pés de Jesus” em um dos lugares mais difíceis do mundo.

“Nós os entregamos aos cuidados de seu Pai e nos juntamos às suas famílias na espera por aquele glorioso dia de reunião”, escreveu Warren no Facebook.

Haiti tomado por gangues

Nos últimos meses, os haitianos têm enfrentado uma agitação civil e uma onda de violência, após gangues armadas invadirem duas prisões e libertarem quase 4 mil presos no início de março.

Estima-se que os criminosos já controlam 80% da capital e o governo decretou estado de emergência na cidade, conforme o PBS News Hour.

De acordo com um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, divulgado em fevereiro, as gangues haitianas são abastecidas com armamento estilo militar e ganham 25 milhões de dólares ao ano através de resgate de sequestros.

O controle de grupos armados também têm dificultado o trabalho diário da igreja e de missões no país. Nos últimos anos, missionários estrangeiros e líderes locais se tornaram alvos de sequestros.

A violência contra os missionários faz parte de um padrão mais amplo de agravamento da atividade das gangues no Haiti. Gangues armadas com armas traficadas principalmente dos EUA têm se espalhado pela capital e outras cidades, atacando delegacias de polícia e hospitais e libertando detentos das prisões.

Quase metade da população do Haiti enfrenta escassez de alimentos, e as mortes e ferimentos causados pela violência das gangues aumentaram 53% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o trimestre anterior, de acordo com a ONU.

Os assassinatos ocorreram no momento em que um novo conselho governamental no Haiti aguarda o envio de policiais do Quênia, apoiados pelos EUA, para ajudar a restaurar a segurança. No entanto, o envio foi adiado devido a problemas de financiamento.

Após o assassinato dos missionários, os EUA solicitaram o envio rápido da polícia do Quênia.

“A situação de segurança no Haiti não pode esperar”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional na sexta-feira, de acordo com a AFP, acrescentando que o presidente Joe Biden se comprometeu a apoiar o “envio rápido” da força.

“Nossos corações estão com as famílias dos mortos, que estão passando por uma dor inimaginável”, disse o porta-voz.

Em uma entrevista à BBC, o presidente do Quênia, William Ruto, disse que a força policial de manutenção da paz deve chegar ao Haiti em cerca de três semanas.

Folha Gospel com informações de Guia-me e The Christian Post

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