
A decisão da NewSpring Church, comunicada em postagem no site oficial da denominação, acontece após divergências sobre o papel das mulheres no ministério pastoral
Por Patricia Scott
Está oficializada a saída da NewSpring Church da Convenção Batista do Sul (SBC). A decisão, que foi comunicada em postagem no site oficial da denominação, acontece após divergências sobre o papel das mulheres no ministério pastoral.
“Após oração e reflexão, decidimos nos retirar da participação nacional da SBC. Esta decisão não reflete discordância com os princípios fundamentais da SBC, mas visa preservar a unidade no corpo de Cristo”, afirmou, em comunicado, a liderança da NewSpring. A igreja reiterou seu reconhecimento ao chamado de homens e mulheres para o ministério, mas sublinhou que funções como “ancião, supervisor ou pastor principal” devem ser ocupadas apenas por “homens qualificados”.
O comunicado destacou ainda: “A equipe de liderança e pastores do campus continuará sendo composta por homens qualificados, e continuaremos a capacitar homens e mulheres em seus chamados, mantendo as distinções bíblicas na governança.” Os líderes da NewSpring também enfatizaram que a decisão foi tomada com o objetivo de “preservar a unidade e reafirmar o compromisso com a missão de Cristo”.
Segundo a liderança, a escolha teve como foco “evitar contendas”. Por fim, a igreja concluiu: “Nossa saída da SBC nos permitirá focar no que realmente importa: pregar o Evangelho e ajudar todos a estabelecerem um relacionamento diário com Jesus.” A expectativa é que esse tema continue sendo central nas discussões da SBC, especialmente com a aproximação da votação da emenda constitucional.
Divergência doutrinária
Ao longo dos anos, a permanência da NewSpring Church na SBC já vinha sendo debatido por líderes da convenção. Em fevereiro de 2025, o presidente da SBC, Clint Pressley, comentou no X (antigo Twitter): “Entendo que nosso Comitê de Credenciais considerou uma igreja em cooperação amigável que tem uma pastora docente. O comitê precisa reavaliar isso. Nossa declaração de fé é clara quanto às qualificações para um pastor.”
Em junho de 2025, a SBC realizará uma votação em sua Reunião Anual em Dallas, Texas, sobre uma proposta de emenda constitucional que busca proibir formalmente a ordenação de mulheres como pastoras nas igrejas afiliadas. Embora tenha sido aprovada por maioria simples em 2023, a proposta não obteve os dois terços necessários para ratificação.
Para defensores da emenda acreditam, ela trará maior clareza ao Comitê de Credenciais. Em uma declaração conjunta, pastores a favor da proposta disseram: “É evidente que o Comitê de Credenciais precisa do esclarecimento que esta emenda traria. Por isso, apoiamos um esforço renovado para emendar a Constituição da SBC.”
Entretanto, dentro da convenção há resistência. O ex-presidente da SBC, JD Greear, se manifestou contra a proposta, afirmando: “Continuo convictamente contra essa emenda, não pelo seu conteúdo, mas pela tentativa de minar nossos princípios históricos de cooperação.” Ele também alertou que, caso a emenda seja aprovada, isso poderia levar à saída de congregações, especialmente aquelas de perfil minoritário.
Nos últimos anos, a SBC tem enfrentado divisões internas sobre a ordenação de mulheres. Em 2023, a convenção votou pela exclusão da Igreja Saddleback, na Califórnia, uma das maiores da SBC, pelo mesmo motivo.
Com mais de 47 mil igrejas afiliadas e cerca de 13 milhões de membros, a SBC é uma das maiores organizações protestantes dos Estados Unidos. As diversas interpretações de passagens bíblicas como 1 Timóteo 2.12 e Tito 1.6-9 desencadeia a divergência doutrinária.
Com informações The Christian Post