domingo, março 16

Quem é Álvaro Malaquias, o traficante evangélico mais procurado do país?

Aos 38 anos de idade, Álvaro Malaquias Santa Rosa, mais conhecido como Peixão, é um dos traficantes mais procurados do país. Foto: Reprodução redes sociais

Filho de mãe umbandista, o Peixão, como é mais conhecido, teve seus irmãos mortos pelo crime, desafiou o Comando Vermelho e iniciou seu domínio misturando religião e terror

Por Cristiano Stefenoni

Aos 38 anos, Álvaro Malaquias Santa Rosa, mais conhecido como Peixão, é um dos traficantes mais procurados do país. Chefe do Terceiro Comando Puro (TCP), é ele quem comanda o Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, onde ficam as favelas Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau. Mas, afinal, quem é esse bandido que se diz evangélico e dita as regras do narcopentecostalismo?

Ele voltou às manchetes esta semana após ter sua mansão, fruto de dinheiro ilícito, começar a ser demolida. Natural de Duque de Caxias, no Rio, Malaquias, que defende a intolerância religiosa e proíbe terreiros e imagens de santos nas regiões que domina, é filho de mãe umbandista e era chamado de Alvinho. Seus dois irmãos foram mortos no bar da família, e a irmã também passou a se envolver no mundo do crime.

– Publicidade –

Curiosamente, Peixão nunca foi preso, apesar de ter 50 registros em sua ficha criminal e 20 mandados de prisão por crimes como tráfico, homicídio, tortura, assaltos e ocultação de cadáver. Apesar de ter sua primeira acusação em 2015, foi no ano seguinte, após as Olimpíadas, que o traficante iniciou seu domínio na região, antes ocupada pelo Comando Vermelho (CV).

Ele, juntamente com sua quadrilha, hoje chamada de Tropa de Arão, invadiu a Cidade Alta e estabeleceu o Terceiro Comando Puro (TCP), que possui um forte arsenal bélico. Em 2017, o Comando Vermelho tentou retomar o local, mas sem sucesso. Em 2020, durante a pandemia, Peixão já havia se tornado evangélico e criado o Complexo de Israel.

Intolerância religiosa 

Peixão decretou a proibição de cultos de matriz africana e do uso de imagens de santos, instalou câmeras na região, rádios que tocam músicas gospel e, ao mesmo tempo, transmitem instruções para intimidar os moradores, espalhou pelas favelas frases com versículos bíblicos e imagens da bandeira de Israel e da Estrela de Davi, entre outras ações.

Na mansão de luxo do traficante, que começou a ser demolida esta semana, a polícia encontrou uma piscina com um painel escrito “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”, imagens do Domo da Rocha, em Jerusalém, e de militares israelenses, além de um monte onde o traficante fazia suas orações. Em um dos quartos, havia uma Bíblia ao lado de um equipamento de sadomasoquismo, além de uma réplica da Arca da Aliança e invólucros com terra vinda de Israel. (Com informações do G1)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *