quarta-feira, dezembro 11

Críticas a uniforme das atletas brasileiras afronta evangélicos

Foto: Divulgação/COB

Além do preconceito, os críticos demostraram desconhecer o impacto da moda evangélica no mercado brasileiro  

Por Patricia Scott

Nessas Olimpíadas de Paris 2024, uma polêmica tem dominado as redes sociais: o uniforme das atletas da delegação brasileira. Assinado pela fast fashion Riachuelo, o modelo virou alvo de muitas críticas, inclusive com comparações às roupas das mulheres crentes.

“Péssimo gosto. Não gostei”, disparou Márcia Fu, ex-jogadora de vôlei e medalhista de bronze em Atlanta 1996, no Canal da Fu!, no YouTube, que acrescentou: “O que é isso aqui? Isso é do Brasil? Como assim? Gente, isso não é do Brasil, não, estão mentindo. Esse negocinho jeans […] Que blusa é essa aqui embaixo? Bem de crente. Ai, desculpe, eu não podia ter falado, mas eu falei”.

Já o blogueiro Helder, do canal Galãs Feios, alcançou 115 mil visualizações no YouTube com a postagem: “A proposta da Riachuelo era acenar para a fatia evangélica da população, em específico crentes de classe média baixa e pobres, já que, atualmente, os mais ricos vão aos cultos como se estivessem participando de um desfile da Fashion Week – porém combinando da forma mais horrenda as peças de grife”. 

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Eles estavam se referindo à saia midi, camiseta amarela listrada, jaqueta jeans e chinelos de uma marca famosa brasileira. Cabe destacar que as onças, as araras e os tucanos bordados atrás das jaquetas foram feitos por bordadeiras do Rio Grande do Norte.

Todo o processo de desenvolvimento do uniforme levou cerca de dois anos. Ele contou com a colaboração de mais de 500 famílias que participaram da criação, modelagem, corte, costura, bordado e controle de qualidade.

“As bordadeiras de Timbaúba dos Batistas e costureiras do Pró-Sertão, são as grandes protagonistas dessa história. Seus trabalhos refletem a tradição e habilidade artesanal do Brasil. Desenvolvido por muitas mãos, o projeto também foi ancorado no próprio propósito das Olimpíadas de Paris – valorizar a sustentabilidade e celebrar a primeira competição com equidade de gênero na história”, disse Cathyelle Schroeder, chefe de Marketing da Riachuelo, em entrevista ao Terra Você. 

Feminina e decente

Para a consultora de moda Karla Furlan, o uniforme das atletas demonstra uma mulher feminina e decente. “Não só a simplicidade, mas, talvez, o excesso de decência e feminilidade tenha incomodado as pessoas que estão acostumadas a mostrar tanto o corpo”.

Ao contrário do que muitos pensam, diz Karla, a moda cristã tem sido referência. Isso porque mulheres têm usado roupas fortes e autênticas com tecidos nobres e empoderados.

“É uma pena que ainda comparem o vestuário cristão a roupas bregas e cafonas”, comenta Karla e continua: “Temos a referência, sim, de cobrir o corpo e não mostrar, fazendo da decência uma obediência às Escrituras. No entanto, também temos a feminilidade como uma forma daquilo que somos e cremos”.

Não é exagero afirmar que as mulheres cristãs têm se tornado referência no Brasil pela vestimenta linda, expressiva, estilosa e moderna. Tanto que, segundo a Associação de Empresas e Profissionais Evangélicos do Brasil (Abrepe), o mercado consumidor evangélico represente R$ 21,5 bilhões por ano no mercado varejista em geral – que movimenta R$ 1,4 trilhão, anualmente. E pesquisas do Sebrae mostram que 10% do mercado consumidor de moda evangélica é formado também por mulheres não evangélicas.

Preconceito da sociedade 

Na visão da pastora Eristelia Bernardo, comparar o uniforme das atletas brasileiras nas Olimpíadas de uma maneira depreciativa às vestimentas das mulheres crentes reflete mais uma forma de preconceito. “De uma maneira geral, a sociedade sempre tem um olhar negativo para os evangélicos”.

No entanto, Eristelia pondera que, na verdade, a moda evangélica tem crescido e ganhado cada vez mais espaço, tendo em vista a qualidade das roupas e os padrões modernos. “Homens e mulheres se vestem de maneira bacana, sem vulgaridades”, observa a pastora da Igreja Casa do Pai, em Governador Valadares (MG). 

Ela considera que as pessoas precisam entender que o cristão preza pela moderação, o que incluía a escolha da vestimenta. “A Bíblia orienta a nos vestirmos de uma forma equilibrada, o que faz parte do caráter cristão, da visão bíblica”, pontua Eristelia e conclui: “Então, ser cristão não é ser cafona, mas prezar pelo estilo de vida ensinado nas Escrituras, o que inclui a maneira de vestir-se [1 Timóteo 2.9-10]”.

Fonte:comunhao.com.br

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